A adoração dos tailandeses por seu rei era única, mas outros monarcas, de Elizabeth II, da Inglaterra, a Mohamed VI do Marrocos, têm conseguido manter o apoio a uma instituição considerada antiquada por muitos.
Existem cerca de 40 países no mundo governados por monarcas, 16 deles por Elizabeth II, chefe de Estado de países como Canadá, Austrália ou Nova Zelândia e outros da Commonwealth, antigo Império Britânico.
Há monarquias parlamentares, absolutas e inclusive eleitas, como no Vaticano ou em Andorra – onde os chefes de Estado, denominados “príncipes” são o presidente da França e o bispo da vizinha cidade espanhola de La Seu d’Urgell.
“A monarquia britânica desfruta de uma popularidade de 70% a 80%, cifras pelas quais os políticos matariam”, disse o professor Robert Hazell, do departamento de temas constitucionais da Universidade College de Londres.
Uma popularidade estreitamente associada à da rainha Elizabeth II. Aos 90 anos, ela soma 64 no trono, e seu reinado era superado no mundo unicamente por um rei, o tailandês Bhumibol Adulyadej, Rama IX, falecido na quinta-feira, após 70 anos de reinado.
“Somos uma monarquia há quase mil anos e durante este tempo, a Grã-Bretanha teve uma história relativamente pacífica”, lembrou Hazell, citando um dos fatores que explicam a vigência desta velha instituição hereditária.
Uma instituição sensível a escândalos
Outros monarcas, lembrou Hazell, cimentaram sua reputação em “seu papel em superar a opressão militar ou a ditadura”, citando os monarcas escandinavos, que enfrentaram os nazistas, ou o recém-abdicado Juan Carlos I, da Espanha, que comandou a passagem de seu país da ditadura de Franco para a democracia.
No caso da Espanha, a instituição persiste, mas o atual monarca, Felipe VI, tem diante de si o desafio de fazer os súditos esquecerem que sua irmã e seu cunhado são julgados por corrupção e que seu pai protagonizou vários escândalos antes de abdicar, como a caça de elefantes Botsuana no pior momento da crise econômica que sacudia o país.
“Supõe-se que a realeza deva ter outra forma de se comportar, exemplar, moralmente impecável”, disse à AFP a jornalista Ana Romero, especialista na monarquia espanhola.
“Em um momento de crise econômica e penúria, foram vistos como pessoas muito egoístas, hedonistas, que pensavam unicamente em seu prazer”, disse a respeito da infanta Cristina e seu marido, Iñaki Urdangarín.
“As monarquias têm um ar de imutáveis, mas de fato são muito vulneráveis a escândalos. Vimos isto recentemente na Espanha”, disse Philip Murphy, diretor do Instituto de Estudos da Commenwealth e especialista em monarquias.
Um contrato renovável
Com exceção da Espanha e, em menor medida, da Bélgica, as monarquias europeias gozam de boa saúde. As supostas infidelidades cometidas pelo rei sueco Carlos XVI Gustavo da Suécia lhe tiraram popularidade, mas esta se mantém em torno de 65%. Novamente, uma cifra pela qual muitos políticos pagariam.
No norte da África e no Oriente Médio, a Primavera Árabe ameaçou monarquias como as do Bahrein, que recorreu à força para abafar as revoltas, mas países como Jordânia e Marrocos têm reis populares nas figuras de Abdullah II e Mohamed VI, respectivamente.
Nenhum rei ou rainha pode esperar deixar sua popularidade de herança aos filhos, avisou Hazell. “Cada geração tem que renovar o contrato entre a monarquia e o povo. A monarquia não deve ser dada como certa. Precisa ganhar respeito”.
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