A Justiça do Bahrein anunciou nesta quinta-feira a
absolvição de nove dos 20 médicos acusados de posse de armas, furto e de
participarem de manifestações da oposição durante protestos em 2011.
Outros nove médicos tiveram as penas reduzidas, restando apenas dois
acusados que continuam condenados a 15 anos de cadeia. Em 2011, os
membros do grupo foram indiciados por furto, invasão, entre outros
delitos. No entanto, ativistas afirmam que o julgamento dos médicos foi
resultado de perseguição, pois eles prestaram socorro a manifestantes da
oposição.
Todos os médicos são muçulmanos xiitas, etnia que encabeçou os
protestos contra a realeza no Bahrein, durante a eclosão de
manifestações da Primavera Árabe pelo Oriente Médio e norte da África. A
religião dos profissionais teria sido mais um motivo para a perseguição
do governo de Manama.
Na revisão de sentenças, a Justiça deu a Ali al-Ekry, um conhecido
cirurgião ortopedista do Hospital Salmaniya, um dos maiores de Manama,
uma pena para 5 anos de reclusão. Já punição de Ibrahim al-Dimistani,
outro réu reconhecido no país, caiu para três anos. Outros sete médicos
receberam de um ano a alguns meses de prisão.
- Isso é tão injusto. Eles são inocentes. Eles deviam ter processado
autoridades, e não esses médicos - disse Tewfik Dhaif, parente de um dos
condenados - Esse médicos atendem a elite desse país. Nós temos 15
médicos na minha família e a maioria deles já atendeu os Al Khalifas -
afirma Tewfik, em referência a família do emir do Bahrein.
Outros dois médicos, que foram condenados a 15 anos de prisão,
deixaram o país. Nessas circunstâncias, o caso, abrigado em uma corte
militar, passa para uma corte civil e será julgado novamente. Ativistas
afirmam que muitos dos profissionais sofreram torturas para que
confessassem crimes dos quais não haviam participado.
Opinião pública acusa os médicos de causarem mortes
Autoridades e a opinião pública da maioria étnica do Bahrein, de
sunitas, acusam os 20 médicos de terem negligenciado feridos nas
manifestações do ano passado e de terem causado mortes para chamar a
atenção da mídia internacional para o protesto. Mais de 30 pessoas
morreram, devido aos confrontos, e mais de 100 ficaram feridas, segundo
dados oficiais.
Já militantes da oposição dizem que a represália do governo acontece
pois os médicos trataram manifestantes que acamparam na Praça Central de
Manama por um mês, depois que forças de segurança tentaram retirá-los
em diversas ocasiões em março e fevereiro de 2011. A ONG Human Rights
Fight, com sede nos EUA, criticou a decisão da Justiça do Bahrein e
disse todos os acusados deveriam ter sido absolvidos.
- A verdade divulgada hoje é que os médicos irão para a cadeia por
terem atendido manifestantes e terem contado ao mundo a violência da
repressão do governo do Bahrein.
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