As notícias têm corrido mundo, algumas imagens também. Cidadãos
tibetanos, na maioria monges, imolam-se pelo fogo, no que
tem sido entendido como tentativas
desesperadas de chamar a atenção para a causa do território que está sob
ocupação chinesa.
O Dalai Lama falou agora sobre o tema,
evitando condenar a atitude, «por respeito às famílias», mas sem a
legitimar.
O
líder espiritual tibetano no exílio falou
ao jornal «The Hindu» e defendeu que este é «um assunto político muito,
muito delicado».
«A realidade é que, se digo alguma coisa
positiva, os chineses vão culpar-me imediatamente. Se digo algo
negativo, então as
famílias daquelas pessoas vão sentir-se
muito tristes», afirma, naquele que é o seu comentário mais alargado ao
assunto até
ao momento: «As pessoas sacrificaram as
suas vidas. Não é fácil. Por isso não quero criar algum tipo de
impressão errada.
O melhor para mim é manter-me neutral.»
Ainda
assim o Dalai Lama, que foi acusado pelas autoridades chinesas de
incitar
as auto-imolações, reforça a ideia de que
isto contribui para desmontar a teoria oficial chinesa de que a
população tibetana
vive feliz sob o atual regime. «Desde o
início, quando isto aconteceu pela primeira vez, o que eu disse, e
insisto, é que
isto não acontece por consumo de álcool ou
discussões familiares. O Governo chinês tem de investigar as causas
disto e não
fingir que não há nada errado», afirma,
numa entrevista para assinalar o seu 77º aniversário e em que diz manter
a esperança
de uma solução de autonomia tibetana
encontrada em diálogo com a China.
Já houve várias vozes
influentes tibetanas
que foram mais longe na condenação da
auto-imolação como forma de luta e a pedir o seu fim, defendendo que não
ajuda a causa
tibetana. Foi o caso de Tsering Woeser,
poeta e escritor tibetano exilado na Rússia.
No último ano e meio
já houve
cerca de 40 casos de tibetanos que
morreram ou ficaram gravemente feridos por se imolarem. As motivações
nunca são totalmente
esclarecidas. Em finais de março, um monge
imolou-se à porta das instalações governamentais em Barkham, e as
autoridades chinesas
recusaram-se mesmo a entregar o seu corpo
para que fosse enterrado segundo os rituais budistas.
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