No Camboja os golpistas foram desmascarados, as autoridades aproximaram tanques da capital.
Entretanto, estes acontecimentos não são tão raros como poderia parecer. Em muitos países, atores externos buscam levar ao poder regimes aliados. Assim aconteceu na Ucrânia, mais recentemente houve tentativas na Síria, na Turquia. O Camboja está no cruzamento dos interesses da China e EUA.
“Na história do Camboja houve um golpe inspirado pelos EUA. que resultou no governo do general Lol Nol, também houve um golpe feito pela China – lembramos o regime sangrento de Pol Pot, durante o qual o país se tornou de fato um protetorado chinês. Lembramos também o primeiro fracasso da cúpula na história da ASEAN quando o Camboja, influenciado pela China, frustrou a assinatura da declaração sobre o mar do Sul da China. O Camboja também se tem pronunciado ultimamente a favor da posição chinesa sobre o mar do Sul da China, criticando a postura do Vietnã”, explica o especialista político Vladimir Kolotov.
Além disso, segundo o especialista, o reforço tanto de Pequim, como de Washington, vai resultar em maior pressão sobre o Vietnã. O país terá dificuldades em defender as suas águas territoriais enquanto houver um problema no Sudoeste Asiático. No Camboja há grupos que são a favor da separação dos territórios vietnamitas do delta do rio Mekong e de partes significativas no Sul do Vietnã.
“Tenho a impressão que agora no Camboja ocorre não uma tentativa de golpe, mas uma tentativa de testar como as autoridades vão agir em caso de golpe para depois neutralizar os pontos fortes do regime atual e desacreditar os militares leais”, disse Vladimir Kolotov, destacando que isso afeta a estabilidade da região, estabilidade que possibilitou dar um gigantesco salto econômico.
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