De um lado o grande potencial de produção de energia, de
outro, possíveis danos ambientais: a extração do gás de xisto levanta
uma polêmica entre especialistas. No último dia 28, a 12ª rodada de
licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para exploração de gás
natural e de xisto arrecadou R$165 milhões. A Petrobras levou a maior
parte dos blocos, seja sozinha ou em consórcios. Alvopetroleo, da
Colômbia, GDF Suez, da França (em consórcio com a Petrobras) Geopark,
das Bermudas, e Trayectoria, do Panamá, foram as empresas estrangeiras
que arremataram blocos. Entre os leiloados, grande parte estava em áreas
com potencial de produção de gás de xisto.
Para o pesquisador da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), Paulo César Soares, essa é a chance do Brasil acompanhar a
caminhada energética mundial. Quando se usava carvão, o país não tinha
matéria de boa qualidade, quando se passou para o petróleo, o Brasil
demorou para acompanhar, afirma. Agora, seria necessário seguir rumo à
economia do gás, que seria inevitável: “A principal fonte distribuidora
de energia é o gás, em condições muito mais favoráveis que qualquer
outra energia. Nós temos um consumo baixíssimo de gás no país, por falta
de suprimento e gasodutos. Consumimos um décimo do que um argentino
consome”.
O uso do gás baratearia a energia. Enquanto os Estados
Unidos (que utiliza a energia vinda do gás) pagam entre US$ 4 e US$ 8
por milhão de BTU, o brasileiro (que prefere a energia elétrica) paga de
US$ 12 a US$ 20.
Reservas e produção
Segundo a Energy Information Administration (agência norte-americana especializada em informações do setor), o Brasil tem a 10ª maior reserva de gás xisto do mundo, com 6,9 trilhões de metros cúbicos. A China lidera a lista, com 31,5 trilhões de metros cúbicos, seguida de Argentina, Argélia, Estados Unidos e Canadá. Contudo, isso não significa que estes sejam os maiores produtores do gás. Apenas os EUA e o Canadá têm uma produção significativa, enquanto a China ainda produz pouco.
Segundo a Energy Information Administration (agência norte-americana especializada em informações do setor), o Brasil tem a 10ª maior reserva de gás xisto do mundo, com 6,9 trilhões de metros cúbicos. A China lidera a lista, com 31,5 trilhões de metros cúbicos, seguida de Argentina, Argélia, Estados Unidos e Canadá. Contudo, isso não significa que estes sejam os maiores produtores do gás. Apenas os EUA e o Canadá têm uma produção significativa, enquanto a China ainda produz pouco.
Os índices de exportação do gás de xisto ainda são
pequenos. O Canadá se destaca no setor, enviando grande parte de sua
produção para o vizinho Estados Unidos.
Riscos ambientais
Um parecer técnico elaborado por membros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) “entende não haver elementos suficientes para uma tomada de decisão informada sobre o assunto”.
Um parecer técnico elaborado por membros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) “entende não haver elementos suficientes para uma tomada de decisão informada sobre o assunto”.
O documento ressalta que riscos e impactos ambientais
levaram muitos países a declararem moratória ou proibirem o uso dessas
tecnologias, como foi o caso de França e Bulgária. Alemanha,
Grã-Bretanha e mesmo Nova Iorque contam com leis que restringem a
exploração do gás de xisto. A Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência solicitou à Presidência da República a suspensão da licitação de
áreas para explotação do produto até que sejam aprofundados os estudos.
Pelo fato do gás se encontrar em rochas, é preciso
quebrá-las injetando água e produtos químicos. Entre os principais
impactos ambientais analisados pelo relatório estão a contaminação de
aquíferos, a utilização dos recursos hídricos (incluindo a possibilidade
de uso de água potável) para o processo de faturação e o risco de
terremotos. Ambientalistas ressaltam ainda as consequências à fauna e a
emissão do metano como pontos negativos. Para Soares, a evolução na
tecnologia para extração já possibilita a redução dos riscos.
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