Às vésperas das grandes comemorações do Jubileu de
Diamantes da rainha Elizabeth II, o príncipe Charles divulgou imagens de
sua infância com a mãe e a irmã Anne, cenas raras de intimidade raras
da tão discreta - e altamente popular - monarca. Mas, se Elizabeth é
querida pela maioria de seus súditos, a realidade não parece ser a mesma
para seu filho mais velho. Uma pesquisa encomendada pelo jornal
britânico "Independent" mostra que menos da metade dos britânicos
acredita que o príncipe de Gales deveria assumir o trono.
Até mesmo entre os políticos, Charles é visto com ressalva. Nesta
semana, ministros teriam expressado em conversas privadas a desconfiança
em relação ao príncipe, revelou o "Independent". Eles temem que o
primogênito da rainha revele ambições de interferir nos negócios do
governo uma vez coroado rei. Charles ficou conhecido por mandar longas
cartas a deputados sobre leis em relação à agricultura e ao meio
ambiente. Em uma delas, expressou sua condenação à uma norma
estabelecida pelo governo de Toni Blair que permitia o estudo de
mudanças genéticas em alimentos. "Não posso ficar calado", escreveu o
nobre na época.
- Ele ainda não se adaptou à Constituição moderna. Sempre quer dar
sua opinião detalhada sobre assuntos que lhe interessam, e fica muito
aborrecido se você chega dois minutos atrasado para uma reunião -contou o
ministro, que preferiu não se identificar.
Um alto funcionário do governo descreveu as longas cartas de Charles
com certo deboche, mas disse que é preciso ter muita cautela em como
respondê-las:
- Quando chega uma correspondência do príncipe, é preciso lê-la logo e
ter cuidado com a resposta. Mas as pessoas também riem e fazem piada
com as cartas: "Você nunca vai adivinhar sobre o que Charles escreveu
dessa vez", dizem.
Se entre os políticos Charles não é popular, quando o assunto são os
súditos, o quadro também não é diferente. Pesquisa da ComRes feita para o
"Independent" e divulgada nesta sexta-feira mostra uma população
dividida quando o assunto é sucessão do trono: 42% concordam que Charles
deve renunciar à Coroa em prol de William, enquanto 44% discordam e 14%
dizem não ter opinião formada.
Desde o casamento, William e Kate Middleton assumiram um papel
central no Palácio de Buckingham e alavancaram a popularidade da
monarquia entre os jovens. A festa de boda dos dois foi vista por 27
milhões de pessoas só no Reino Unido. Talvez a popularidade do novo
casal real explique o apelo do filho mais velho de Lady Di entre os
jovens. Segundo a pesquisa, 53% acreditam que ele deve assumir o trono
depois da morte de Elizabeth II.
Os trabalhistas são os mais contrários a Charles, 52% dos eleitores
do partido acreditam que ele deve abandonar as pretensões de rei,
enquanto só 35% dos conservadores dizem pensar o mesmo. O ex-diretor de
comunicação de Downing Street, Alastair Campbell, escreveu em seus
diários que Tony Blair costumava se irritar com a intromissão do
candidato ao trono britânico.
Parece que pelo menos o quesito carisma, Charles não herdou da mãe.
Apesar de raramente demonstrar traços de sua vida pessoal, a rainha
Elizabeth II conquistou os britânicos. O documentário com a intimidade
da jovem monarca com seus filhos pode ajudar ainda mais na imagem da
nobre, vista por muitos como uma mãe distante e fria. As cenas, filmadas
pelo próprio duque de Edimburgo, pai de Charles, mostra Elizabeth
ensinando seu primogênito a andar e brincando com a família em uma
praia.
Na homenagem, que será exibida nesta noite pela BBC britânica,
Charles relembra a coroação de Elizabeth e destaca que o Jubileu é uma
forma de todo país mostrar seu orgulho pela rainha.
- Lembro da minha mãe nos dando banho com a coroa, era muito
divertido - conta o príncipe sobre os dias antes da coroação. - Ela
sente muito orgulho de sua família, de ser sido uma jovem mãe no início
de seu reinado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário