Quer seja levado à letra na Flandres ou na brincadeira
na Valónia, o humor belga reflete a complexidade e a as diferentes
formas do país. Mas o que prevalece sobre o resto é uma combinação
saudável de sentido crítico, modéstia e troça, escreve o "Le Monde", no
oitado epísódio da série O Humor na Europa.
Existem muitas formas de humor na Bélgica - mas como
continua a ser uma dúvida persistente sobre a identidade do país,
evitaremos evocar um humor "belga". Primeiro, temos um humor
involuntário que apimenta o quotidiano. Aqui, uma emissão televisiva
pode anunciar em horário nobre o desaparecimento do país - "Bye Bye
Belgium", como o fez a RTBF em 2006.
Um primeiro-ministro - Yves Leterme, em 2007 - pode
entoar A Marselhesa quando é convidado a cantar o hino nacional. E a
rainha Fabiola, ameaçada de morte por um suposto praticante de tiro com
arco (!) em 2010, apresenta um chapéu com uma maça verde durante uma
festa nacional...
Depois, temos um humor voluntário, com uma veia
flamenga e outra valã. O primeiro é mais direto, mais "frontal" com
duelos de flatulência e ataques frontais das religiões ou da monarquia. O
segundo, adepto do sinónimo e da circunvolução, muitas vezes machista,
marcado pelo sentido crítico, componente essencial da "identidade belga"
e que, como o diz o humorista Bruno Coppens, reflete antes de mais uma
falta de orgulho coletiva.
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