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O rei da Jordânia, Abdalla II pode ser o próximo dirigente a sofrer os efeitos da Primavera Árabe. Para tal, na opinião do próprio monarca, pode contribuir o novo eixo Turquia - Egito - Qatar. Não se exclui que, em face da guerra civil na Síria e da situação inquietante na própria Jordânia, tal roteiro revolucionário possa vir a ser aplicado neste país.
O rei jordaniano está preocupado antes de mais com a união entre o eixo Turquia-Egito-Qatar e os Irmãos Muçulmanos, formada
em consequência da chamada Primavera Árabe - informa a mídia local,
citando fontes entre os participantes dos recentes encontros do monarca
com políticos e líderes de tribos da Jordânia. Abdalla II qualifica de
sectária a posição de Ancara na questão síria, ditada exclusivamente
pela inimizade religiosa dos sunitas em relação ao regime alauita de
Bashar Assad. O rei também assinalou a atividade excepcional do Qatar em
relação à Síria. Em sua opinião, é grande a probabilidade de
envolvimento de Damasco no citado eixo em caso de queda do regime de
Assad.
O monarca jordaniano tem realmente razões para
se preocupar. Se o governo da dinastia presidencial dos Assad chegar ao
fim, será inevitável a desintegração da Síria e as ações violentas
alastrarão aos territórios fronteiriços.
A Primavera
Árabe já atingiu a Jordânia. Somente no mês passado, durante ações de
protesto, morreram várias pessoas em choques com a polícia.No
fundamental os manifestantes exigiam a redução dos preços dos
combustíveis, mas também exortavam a derrubar o rei. Deve-se dizer que
Abdalla II procura, como pode, manobrar entre os interesses dos
partidários da monarquia e as ambições da oposição. Há dias, ele
indultou 116 dos mais ativos manifestantes, mas os treze piores
desordeiros continuam sob investigação.
Os Irmãos Muçulmanos causam
a pior dor de cabeça do monarca. No final de setembro, eles pretendiam
levar à ruas 50 mil pessoas. Entretanto, Abdalla começou conversações
com os islamistas.Este deixaram o rei em situação difícil - eles exigem
uma monarquia constitucional e reformas do sistema de eleições para o
parlamento. Em caso de concordância de Abdalla, os Irmãos Muçulmanos terão
ótimas chances de chegar ao poder por meio constitucional, como
aconteceu no Egito. No entanto,o rei fez concessões: em 4 de outubro ele
dissolveu o Parlamento e prometeu que em 2013 o primeiro-ministro do
país será eleito pelos parlamentares e não nomeado pelo monarca.
Os
islamistas são apoiados pela maioria da população, que é constituída de
palestino-jordanianos. O rei tem o apoio dos chefes de tribos beduínas,
que perdem em número para os palestinos - assinalou Fiodor Lukianov:
"Se lá 70-80% da população é constituída por palestinos, eles não terão o direito o direito de eleger seu dirigente? Os Irmãos Muçulmanos da
Jordânia por enquanto não apresentaram a exigência de derrubada da
monarquia. Eles simplesmente disseram: que o monarca seja chefe
cerimonial e nós formaremos o governo. Tudo muito democrático, se lá
forem realizadas eleições, eu penso que eles ganharão".
Entretanto os Irmãos Muçulmanos pretendem
boicotar as eleições antecipadas para o parlamento, marcadas para 23 de
janeiro. Os acontecimentos em outros países indicam que os islamistas
não se acalmarão até tomar o poder em suas mãos - por meio
constitucional ou qualquer outro. As eleições permitirão apenas adiar um
pouco o início da Primavera Árabe na Jordânia.
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