Os cidadãos do Bahrein começaram a votar neste sábado para eleger deputados nas primeiras eleições desde o início, em 2011, dos protestos contra o governo, uma votação boicotada pela oposição xiita.
Na madrugada deste sábado foram registrados confrontos entre jovens manifestantes e forças de segurança nos bairros xiitas a oeste de Manama, a capital deste pequeno reino do Golfo Pérsico aliado dos Estados Unidos, indicaram várias testemunhas.
No total, 349.713 eleitores inscritos estão convocados a eleger 40 deputados da câmara entre 266 candidatos, entre os quais figuram 23 ex-parlamentares, segundo números oficiais.
Os dissidentes classificaram estas eleições de farsa.
O xeque Ali Salman, líder do WEFAQ, o principal movimento de oposição, exigiu o fim do "monopólio do poder" exercido pela dinastia sunita dos Al-Khalifa e afirmou que podem ocorrer outras explosões de violência.
Os centros eleitorais abriram às 08h00 locais (02h00 de Brasilia) e fecharão às 20h00 (14h00 de Brasília). Além das legislativas, também são realizadas eleições municipais.
Em Rifaa, um bairro abastado de maioria sunita ao sul de Manama, onde o primeiro-ministro vive, uma centena de pessoas - em sua maioria homens vestidos com a tradicional túnica branca - faziam fila meia hora antes da abertura dos colégios eleitorais.
"Estas eleições vão contribuir para desenvolver o país sob a direção do rei", afirmou Naima El-Heddi, um funcionário de 30 anos.
Monarquia constitucional
Ao
término de uma monótona campanha com quase todos os candidatos sunitas,
a população xiita, majoritária no país, se mobilizou intensamente para
garantir o êxito do boicote, impulsionado pela oposição que denuncia a
repressão e pede uma verdadeira monarquia constitucional.Neste contexto, o aspecto mais chocante desta votação será a taxa de participação que, segundo o xeque Salman, pode não superar 30%.
O boicote da oposição "demonstra a rejeição do povo, que exige reformas democráticas e o fim do monopólio de poder" da família reinante, explicou na sexta-feira à AFP o chefe do WEFAQ.
Salman advertiu sobre uma possível explosão de violência e disse que "infelizmente tudo é possível (...) enquanto o regime e a oposição não chegarem a um acordo".
Desde o início, em 2011, dos protestos contra o regime, que segundo o xeque Salman deixaram ao menos 100 mortos, a oposição participou de várias rodadas de negociações, mas as abandonou depois de não obter as reformas que pedia ao poder.
Em setembro, a última proposta à oposição do príncipe herdeiro, o xeque Salman Ben Hamad al-Khalifa, não conseguiu reativar o diálogo.
"Não podemos permitir que o país afunde no caos", disse a ministra de Informação e porta-voz do governo, Samira Rajab, embora tenha afirmado que o poder está disposto a voltar a negociar com a oposição.
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