domingo, 24 de julho de 2016

Espanha: vitória da direita e perspectiva de seguir paralisada

  

 
 
  Não houve grandes mudanças nos resultados na segunda eleição parlamentar na Espanha em seis meses. O comparecimento às urnas foi o mais baixo da história, com mais de 30% de abstenções entre os 36,5 milhões de eleitores inscritos. O conservador PP, no poder, continuou com a maior votação, alcançando 33% (cinco pontos a mais do que em dezembro). O Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe) – cada vez menos socialista e menos operário –, manteve o segundo lugar com 22,7% e ficou no lucro, pois as pesquisas davam como certo que seria ultrapassado pelo Unidos Podemos. Este, por sua vez, continuou em terceiro com 21%, três pontos menos do que há seis meses. E o Ciudadanos, de centro-direita, também perdeu um ponto e terminou em quarto com 13%.
A Espanha se encontra paralisada e nada indicada que a situação vá mudar com facilidade. Na eleição de dezembro não houve acordo para formar governo. O regime de monarquia parlamentar do país prevê como chefe de Estado o Rei Felipe VI – que manda pouco. Cabe ao Congresso dos Deputados eleger o primeiro-ministro, ou premiê, o chefe de governo de fato. Em dezembro como agora, nenhum candidato a premiê conseguiria os 176 votos favoráveis de parlamentares. É a primeira vez que isso acontece. Antes, ora PP, ora Psoe se revezavam nas vitórias e compunham com outros partidos menores uma coligação que se pudesse chamar de governista.
Por isso foram convocadas as novas eleições deste domingo (26). E tudo indica que a Espanha não sairá do impasse, porque pouco mudaram os resultados e pouco mudarão as condições dos partidos de alcançar maioria ou sinalizar acordos.
O surgimento de novas legendas, como Podemos, de esquerda, e o Ciudadanos, criou no eleitorado um senso de oportunidade de promover uma reciclagem no tradicional bipartidarismo, nas últimas décadas. O PP não conseguiu impor um ritmo de crescimento que fizesse frente à social-democracia. E o Psoe deixou-se picar pelo bichinho do neoliberalismo, convertendo-se em um “mais do mesmo” no mundo dominado pelo sistema financeiro e suas exigências domésticas.
O Podemos apareceu há dois anos, fruto dos movimentos sociais que despontaram da indignação com o fato de a conta da crise global de 2007/2008 ser empurrada para os mais pobres, na forma de supressão de direitos, cortes de gastos, ausência de crescimento e aumento de desemprego – sobretudo da juventude. O Ciudadanos, que surgiu há dez anos na Catalunha, vem ganhando força nacional.
Neste domingo, foram eleitos 350 deputados da câmara baixa e 208 dos 266 senadores – os outros 58 não são eleitos diretamente no pleito nacional, mas nos parlamentos regionais. No sistema espanhol, o voto é em lista. Os eleitores votam nas legendas, e não nos deputados, e estes são indicados pela ordem de uma lista resultante de convenções internas dos partidos.
Segundo a emissora RTVE, o PP obteve 137 das 350 cadeiras do Congresso espanhol. Em seguida, o Psoe, com 85 assentos e o Unidos Podemos, com 71. O Ciudadanos ficou com 32.

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