O líder religioso máximo dos budistas tibetanos recebe o título de
Dalai Lama, que literalmente significa “Oceano de Sabedoria”. O atual
Lama, Tenzin Gyatso, tem se tornado uma figura popular pelo apoio que
recebeu de vários artistas de cinema e músicos populares em sua luta
pela libertação do Tibet do domínio chinês.
Ele é considerado a 14ª encarnação de Buda e já buscou o diálogo com
autoridades cristãs como o papa. Em entrevista recente, declarou: “Os
cristãos estão muito perto do espírito budista. Como, por exemplo, na
vida monástica, na atenção e no tempo que dedicam à meditação”.
Enfatizou ainda que “As principais tradições religiosas, embora
difiram nas interpretações teológicas, têm em comum a prática do amor,
da compaixão, da tolerância, do perdão”.
O Lama diz que desperta às 3 da manhã e dedica em média seis horas do
dia à meditação. Regularmente dorme às 18h, após fazer alguma leitura e
tomar uma refeição leve.
Convidados para participar do festival de artes de Ravenna neste
verão, os monges tibetanos exilados devem apresentar músicas e danças e
mandalas (figuras geométricas feitas com areia), suas formas de arte
típica. Isso tudo colabora para a divulgação das crenças budistas entre
os jovens ocidentais.
Questionado sobre o valor das tradições religiosas, o Dalai Lama
declarou: “É muito importante recordar sua tradição milenar ao mundo de
hoje. Muitas vezes, as pessoas consideram a religião algo antigo,
superada pelos séculos. Talvez seja como uma roupa velha para certas
tradições, mas a essência do ensino religioso é o amor, a compaixão, os
valores humanos, que também são importantes para os não crentes”.
Durante três séculos e meio, o Tibet esteve sob o regime teocrático,
governado pelo Dalai Lama. Gyatso governou seu povo durante mais de 50
anos, até a invasão da china. Acabou abrindo mão do governo temporal que
exercia e hoje vive apenas para divulgar os ensinamentos budistas.
Mas não esquece as necessidades de seu povo: “Nossos irmãos e irmãs
cristãos deram a maior contribuição à educação e à saúde em todo o
mundo. Outras tradições religiosas, como a minha, estiveram menos ativas
neste campo. Devemos nos aplicar mais”.
Desde 1959, o Dalai Lama não volta à sua terra natal. Teve que fugir,
por causa das perseguições do governo comunista chinês, que preconiza o
ateísmo. “Minha existência não tem sido fácil, mas mesmo nas
dificuldades compreendi que os ensinamentos das tradições religiosas são
de grande ajuda. Agora, com meus 76 anos, aprendi que é muito
importante viver em paz, na confiança em si mesmo. É de grande ajuda
para ter uma mente livre. E também para manter-se com boa saúde”.
Ele diz ter a solução para os conflitos que assolam o planeta: “A paz
do mundo pode provir apenas da paz interior. Não da força, tampouco das
armas, mas apenas da paz interior”.
Embora não entenda como o Ocidente, de maioria cristã viva em meio a
conflitos, mas destaca que “Os verdadeiros cristãos entendem o espírito
budista”.
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