quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O IMPERADOR DO JAPÃO QUER SE APOSENTAR

Aos 82 anos, o imperador do Japão, Akihito, teme que seu frágil estado de saúde e sua idade representem dificuldades para continuar com suas funções.
Os comentários do imperador foram feitos em um pronunciamento de televisão extraordinário. Esta foi apenas a segunda vez que suas palavras foram televisionadas ao público.
Mas Akihito não manifestou publicamente seu desejo de abdicar. Segundo a Constituição japonesa, o imperador não tem permissão para fazer declarações políticas e, se ele expressasse diretamente seu desejo de abdicação, isso seria interpretado como tal.
Segundo a Associated Press, o discurso foi visto como uma tentativa de explicar ao público seu desejo de abdicar e, assim, ganhar apoio da opinião pública.
Mas essa abdicação provavelmente ainda demorará - se é que vai acontecer -, porque exigiria que o Parlamento aprovasse a mudança legal.

Imperador moderno

Historicamente, o imperador era visto como um semideus. Mas seu papel foi redefinido como "símbolo da nação" depois que a Constituição foi reescrita pelas forças aliadas após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.
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Apesar de ele não ter poder político, como o próprio Akihito disse em seu discurso, ele herdou uma longa tradição. Tem vários deveres oficiais como representante da nação, como receber dignatários estrangeiros, organizar recepções e entregar honrarias.
A monarquia japonesa está muito ligada ao sintoísmo, e o imperador ainda encabeça vários ritos e cerimônias religiosas.
Mas desde que assumiu o Trono de Crisântemo, em 1989, Akihito adotou um estilo mais moderno, se esforçando para aproximar a família imperial do povo.
Em 2011, ele e sua mulher, a imperatriz Michiko, foram elogiados por visitar as zonas de Japão afetadas pelo tsunami. Foi então que Akihito fez sua primeira aparição pública em vídeo.
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Ele expressou remorso diversas vezes pelas ações do Japão durante a Segunda Guerra, uma postura sobre um tema muito sensível que o opôs a um número crescente de políticos revisionistas.
Mesmo assim, ele goza de um grande apoio popular, e milhares de japoneses se reúnem em frente à residência real para manifestar bons desejos ao casal imperial.
Akihito padeceu de vários problemas de saúde e precisou ser submetido a tratamento devido a um câncer de próstata em 2003 e a uma operação no coração em 2012.
Ainda que em seu pronunciamento ele tenha assegurado que está recuperado das cirurgias e que está bem de saúde, o imperador reconheceu que seu estado físico está piorando naturalmente com a idade e disse: "Me preocupa que poderia se se tornar difícil, para mim, realizar meus deveres".

Mudanças constitucionais

Desde meados de julho havia rumores sobre o desejo de Akihito de procurar uma forma de abdicar, o que causou considerável surpresa pública.
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A medida não tem precedente na história moderna do Japão, pois não existe uma previsão legal para a abdicação, segundo a lei japonesa.
Seria preciso fazer uma mudança na Constituição para que o imperador renunciasse a seu cargo.
Várias mudanças constitucionais que afetariam a família imperial já foram discutidas no passado.
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Em 2006, foi aberto uma debate sobre se uma mulher poderia ascender ao trono e, em 2011, o príncipe Akishino, irmão mais novo de Akihito, pediu que se discutisse impôr uma idade de aposentadoria para o imperador. Nenhuma das iniciativas resultou em mudanças.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, respondeu minutos depois da transmissão da mensagem pré-gravada de Akihito.
Ele disse que o governo está levando em consideração a idade e a condição física do imperador, abordando o tema "com seriedade".
"Acho que devemos pensar com atenção sobre o que podemos fazer para atender suas preocupações, levando em consideração a idade do imperador e o atual fardo dos compromissos oficiais", disse Abe.

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