O primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um apelo nesta quinta-feira para que a Escócia "prefira a abertura ao estreitamento" durante uma visita a Glasgow em que promoveu o "mercado único britânico" a três semanas de um referendo de autodeterminação.
Cameron defendeu diante de empresários escoceses a união do Reino Unido, criado há 307 anos e que inclui Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
"As oportunidades econômicas uniram nossas nações em 1707. Mais de 300 anos depois, nosso destino e nossas riquezas seguem estreitamente ligadas", disse Cameron, antes de resumir as quatro "grandes vantagens" da união.
Trata-se das "oportunidades que oferece, da estabilidade, da solidariedade e do tamanho".
"Prefiramos a abertura ao estreitamento; nossas grandes vantagens à grande incerteza. E sigamos juntos", disse Cameron.
Antes do discurso, o primeiro-ministro britânico havia sido recebido com frieza em Glasgow, uma cidade onde ele não é popular, assim como os conservadores.
A visita de Cameron coincidiu com a publicação de uma carta na qual 200 empresários escoceses defendem a independência, argumentando que Londres trata a região como "uma galinha dos ovos de ouro", em uma carta aberta publicada nesta quinta-feira no jornal escocês The Herald.
A carta respondeu a outra publicada na véspera por cerca de 130 grandes empresários escoceses, ou com interesses na Escócia, no jornal The Scotsman pedindo o contrário, que a Escócia se mantenha no Reino Unido.
"A indústria escocesa é considerada uma galinha dos ovos de ouro e não uma parte estrategicamente importante de uma sociedade mais próspera e justa", afirma a carta dos empresários independentistas.
Os assinantes são, em sua maioria, pequenos empresários, embora haja exceções, como a de Brian Souter, presidente da empresa ferroviária Stagecoach, ou George Mathewson, gestor de um fundo de investimento e antigo presidente do Royal Bank of Scotland.
"A Escócia tem que olhar para fora, para um mundo cheio de oportunidades que nos espera. Um 'sim' é uma oportunidade que se apresenta apenas uma vez na vida para as empreitadas e os empregos, para esta e para as próximas gerações", acrescentaram os autores da carta.
Já os 130 grandes empresários da carta em resposta disseram que não há "argumentos convincentes para a independência".
"Há incerteza quanto a uma série de temas vitais como a divisa, o marco regulador, os impostos, as aposentadorias, o pertencimento à União Europeia e o apoio às exportações em todo o mundo. E a incerteza é ruim para os negócios", afirmaram.
Mobilização em Londres na reta final
"A Escócia deve ser um país independente? Sim ou Não". Cerca de 4,2 milhões de eleitores -todos residentes legais na região com idades acima de 16 anos, mesmo sendo britânicos de outras regiões ou europeus- terão a oportunidade de se pronunciar sobre a saída da Escócia do Reino Unido em 18 de setembro.
Embora as pesquisas apresentem como ganhadores os partidários da continuidade com o Reino Unido -com 14 pontos de vantagem, segundo a última consulta, divulgada na segunda-feira- a derrota no último debate do líder da campanha unionista, Alistair Darling, para Alex Salmond, líder independentista e chefe do governo regional, acendeu o alerta.
A visita de Cameron desta quinta foi antecedida pela de sua ministra do Interior, Theresa May, e pela entrada na campanha do ex-primeiro-ministro trabalhista britânico Gordon Brown.
Em seu discurso na localidade escocesa de Dumfries, May pediu que fossem redobrados os esforços pela vitória e advertiu que uma Escócia independente teria que criar seus próprios aparatos de segurança e abrir mão dos serviços britânicos de espionagem, o MI5 e o MI6
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