O Dalai Lama afirmou a um jornal alemão que deve ser o último líder espiritual tibetano, pondo fim assim a uma tradição de vários séculos.
"Tivemos um Dalai Lama durante quase cinco séculos. Atualmente o 14º Dalai Lama é muito popular. Vamos terminar com um Dalai Lama popular", declarou ao jornal Welt am Sonntag.
"Se houver um Dalai Lama fraco, isso só desonrará o Dalai Lama", acrescentou, rindo, segundo a tradução em inglês da entrevista.
"O budismo tibetano depende de um indivíduo. Temos estruturas muito boas em termos organizacionais com monges e estudiosos bem preparados", acrescentou o Prêmio Nobel da Paz de 79 anos.
O Dalai Lama havia anunciado em 2011 que abandonaria seu cargo político de líder do movimento dos tibetanos no exílio, essencialmente simbólico.
Designado Dalai Lama quando tinha três anos, já considerava estar aposentado em 2001, ano em que foi eleito um primeiro-ministro do governo no exílio pela primeira vez.
Na mesma entrevista, o Dalai Lama chamou o presidente russo Vladimir Putin de egocêntrico e atribuiu a ele uma vontade de "reconstruir o Muro de Berlim" com o atual conflito no leste da Ucrânia.
"Sua atitude é: 'eu, eu, eu'", afirmou o líder espiritual tibetano na longa entrevista, na qual recordou que o dirigente russo foi presidente e primeiro-ministro antes de voltar à chefatura de Estado.
"É demais. É muito egocêntrico", considerou o Prêmio Nobel da Paz, de visita a Hamburgo (norte da Alemanha).
"Nós nos acostumamos com o fato de que o Muro de Berlim caiu. Agora o presidente Putin parece querer reconstruí-lo. Mas agindo assim, prejudica seu país. O isolamento é um suicídio para a Rússia", acrescentou.
O Dalai Lama também assegurou que China e Rússia representam situações diferentes. "A China quer fazer parte do sistema político mundial e está pronta para aceitar as regras internacionais em longo prazo".
"Tenho a impressão de que isso não conta para a Rússia ou para o presidente Putin nesse momento", concluiu.
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