Carlos de Inglaterra não é o único herdeiro no mundo que aos 67 anos chega à idade da reforma sem subir ao trono. No Sudeste Asiático existe outro príncipe: Maha Vajiralongkorn tem 63 anos, é filho do Rei Bhumibol Adulyadej e da Rainha Sirikit (com ele na foto), e há mais de quatro décadas que está à espera de suceder ao pai.
Com 87 anos, o venerado Bhumibol subiu ao trono a 6 de Junho de 1946, e é hoje o monarca com o reinado mais longo no mundo, seguido de Isabel II. Tanto quanto se sabe, a Rainha de Inglaterra, um ano mais velha, é mais saudável do que o Rei tailandês, que já esteve hospitalizado várias vezes e sofrerá de Alzheimer.
Mas Bhumibol não abdica. E um dos principais motivos será a má imagem do príncipe herdeiro junto dos súbditos. Maha Vajiralongkorn, criticado como antipático e distante, está muito longe da popularidade que os pais sempre tiveram. Educado no Reino Unido e na Austrália, onde recebeu instrução militar, já esteve envolvido em vários escândalos que indignaram os tailandeses – apesar da rigorosa lei de silêncio que impera no país sempre que existem notícias sobre a monarquia. Críticas à família real podem valer penas até 15 anos de prisão.
As notícias sobre o herdeiro da Tailândia surgem por isso na imprensa internacional. Em 2010, a revista The Economistescreveu que Vajiralongkorn é "amplamente detestado, temido, imprevisível e excêntrico". Um jornal online asiático que apresentou o príncipe como "inconstante e incapaz de governar" foi imediatamente bloqueado na Tailândia. Num documento revelado pelo WikiLeaks, um alto funcionário do Governo de Singapura garantia que Vajiralongkorn é viciado em jogo.
Uma princesa de fio dental
A juntar a isto, há os três casamentos do príncipe e as suas constantes viagens à Europa para supostos encontros de cariz sexual. O primeiro casamento, em 1978, foi com uma prima direita, de quem teve uma filha. Pouco depois, casou-se com a aspirante a actriz Yuvadhida Polpraserth. Mas como a Rainha Sirikit nunca aprovou a relação, e apesar de terem tido cinco filhos, ela e as crianças acabaram exiladas nos Estados Unidos. Em 2001, Maha voltou a casar-se. Desta vez, com Srirasmi Suwadee (na foto), uma das suas damas de companhia, que em 2005 lhe deu mais um filho, o príncipe Dipangkorn, segundo na linha de sucessão ao trono. Jovem, bonita e carismática, a princesa da Tailândia foi notada em casamentos reais, ao lado de princesas como Matilde da Bélgica e Mette-Marit da Noruega.
Só que em Dezembro do ano passado um escândalo acabou com mais este casamento. O tio e os irmãos de Srirasmi foram presos por envolvimento em vários crimes: jogo ilegal, contrabando de petróleo, raptos e extorsão. Na mesma altura, foi divulgado um vídeo de 2009 em que o casal real aparecia numa cena bizarra: o príncipe, com um cão ao colo, e a princesa, só com um fio dental, numa luxuosa festa que celebrava o aniversário do animal, Fu-Fu, um poodle, que Maha nomeou capitão do exército.
Exílio com 5 milhões
Srirasmi ficou sem condições para se tornar Rainha da Tailândia e foi obrigada pelo Rei a sair do país. Para adoçar o exílio, a Casa Real entregou-lhe 5 milhões de euros. Há poucos dias, a edição do New York Times não foi distribuída no país por conter um artigo considerado "sensível" sobre "o declínio da saúde do Rei Bhumibol e a sucessão do trono" – um tema tabu.
Os índices de popularidade de Maha continuam baixíssimos, ao contrário da princesa Sirindhorn, a segunda das três irmãs, que é adorada pelo povo, graças às causas beneficentes que patrocina. A Constituição do país foi alterada em 1974 para permitir que uma filha do Rei possa ascender ao trono – mas apenas na inexistência de um herdeiro.
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