segunda-feira, 9 de julho de 2012

DALAI LAMA FALOU SOBRE AS IMOLAÇÕES

As notícias têm corrido mundo, algumas imagens também. Cidadãos tibetanos, na maioria monges, imolam-se pelo fogo, no que tem sido entendido como tentativas desesperadas de chamar a atenção para a causa do território que está sob ocupação chinesa. O Dalai Lama falou agora sobre o tema, evitando condenar a atitude, «por respeito às famílias», mas sem a legitimar.

O líder espiritual tibetano no exílio falou ao jornal «The Hindu» e defendeu que este é «um assunto político muito, muito delicado». «A realidade é que, se digo alguma coisa positiva, os chineses vão culpar-me imediatamente. Se digo algo negativo, então as famílias daquelas pessoas vão sentir-se muito tristes», afirma, naquele que é o seu comentário mais alargado ao assunto até ao momento: «As pessoas sacrificaram as suas vidas. Não é fácil. Por isso não quero criar algum tipo de impressão errada. O melhor para mim é manter-me neutral.»

Ainda assim o Dalai Lama, que foi acusado pelas autoridades chinesas de incitar as auto-imolações, reforça a ideia de que isto contribui para desmontar a teoria oficial chinesa de que a população tibetana vive feliz sob o atual regime. «Desde o início, quando isto aconteceu pela primeira vez, o que eu disse, e insisto, é que isto não acontece por consumo de álcool ou discussões familiares. O Governo chinês tem de investigar as causas disto e não fingir que não há nada errado», afirma, numa entrevista para assinalar o seu 77º aniversário e em que diz manter a esperança de uma solução de autonomia tibetana encontrada em diálogo com a China.

Já houve várias vozes influentes tibetanas que foram mais longe na condenação da auto-imolação como forma de luta e a pedir o seu fim, defendendo que não ajuda a causa tibetana. Foi o caso de Tsering Woeser, poeta e escritor tibetano exilado na Rússia.

No último ano e meio já houve cerca de 40 casos de tibetanos que morreram ou ficaram gravemente feridos por se imolarem. As motivações nunca são totalmente esclarecidas. Em finais de março, um monge imolou-se à porta das instalações governamentais em Barkham, e as autoridades chinesas recusaram-se mesmo a entregar o seu corpo para que fosse enterrado segundo os rituais budistas.

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