segunda-feira, 2 de julho de 2012

situação dos médicos no reino do Bahrein

A Justiça do Bahrein anunciou nesta quinta-feira a absolvição de nove dos 20 médicos acusados de posse de armas, furto e de participarem de manifestações da oposição durante protestos em 2011. Outros nove médicos tiveram as penas reduzidas, restando apenas dois acusados que continuam condenados a 15 anos de cadeia. Em 2011, os membros do grupo foram indiciados por furto, invasão, entre outros delitos. No entanto, ativistas afirmam que o julgamento dos médicos foi resultado de perseguição, pois eles prestaram socorro a manifestantes da oposição.
Todos os médicos são muçulmanos xiitas, etnia que encabeçou os protestos contra a realeza no Bahrein, durante a eclosão de manifestações da Primavera Árabe pelo Oriente Médio e norte da África. A religião dos profissionais teria sido mais um motivo para a perseguição do governo de Manama.
Na revisão de sentenças, a Justiça deu a Ali al-Ekry, um conhecido cirurgião ortopedista do Hospital Salmaniya, um dos maiores de Manama, uma pena para 5 anos de reclusão. Já punição de Ibrahim al-Dimistani, outro réu reconhecido no país, caiu para três anos. Outros sete médicos receberam de um ano a alguns meses de prisão.
- Isso é tão injusto. Eles são inocentes. Eles deviam ter processado autoridades, e não esses médicos - disse Tewfik Dhaif, parente de um dos condenados - Esse médicos atendem a elite desse país. Nós temos 15 médicos na minha família e a maioria deles já atendeu os Al Khalifas - afirma Tewfik, em referência a família do emir do Bahrein.
Outros dois médicos, que foram condenados a 15 anos de prisão, deixaram o país. Nessas circunstâncias, o caso, abrigado em uma corte militar, passa para uma corte civil e será julgado novamente. Ativistas afirmam que muitos dos profissionais sofreram torturas para que confessassem crimes dos quais não haviam participado.
Opinião pública acusa os médicos de causarem mortes
Autoridades e a opinião pública da maioria étnica do Bahrein, de sunitas, acusam os 20 médicos de terem negligenciado feridos nas manifestações do ano passado e de terem causado mortes para chamar a atenção da mídia internacional para o protesto. Mais de 30 pessoas morreram, devido aos confrontos, e mais de 100 ficaram feridas, segundo dados oficiais.
Já militantes da oposição dizem que a represália do governo acontece pois os médicos trataram manifestantes que acamparam na Praça Central de Manama por um mês, depois que forças de segurança tentaram retirá-los em diversas ocasiões em março e fevereiro de 2011. A ONG Human Rights Fight, com sede nos EUA, criticou a decisão da Justiça do Bahrein e disse todos os acusados deveriam ter sido absolvidos.
- A verdade divulgada hoje é que os médicos irão para a cadeia por terem atendido manifestantes e terem contado ao mundo a violência da repressão do governo do Bahrein.

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