sábado, 23 de março de 2013

Exploração laboral: ministro luxemburguês preocupado com portugueses

 

 



«Há casos de empresas subcontratadas que trazem trabalhadores de Portugal para trabalhar na construção e não lhes pagam o salário mínimo nem lhes dão as garantias previstas na lei», disse à Lusa o ministro luxemburguês depois de um encontro o deputado do Partido Socialista eleito pelo círculo da emigração Paulo Pisco.

Nicolas Schmit adiantou que os trabalhadores «frequentemente são alojados em condições muito más, perto da fronteira», sublinhando que se trata de «empresas originárias de Portugal» e que está em causa um «verdadeiro dumping social» a que as autoridades luxemburguesas estão atentas.

«Os sindicatos pediram-me para intervir e estamos a fazê-lo. Nas fiscalizações que a ITM [Inspeção do Trabalho luxemburguesa] conduziu nos estaleiros de construção, constatámos efetivamente estas práticas», disse à Lusa o ministro.

Para o deputado Paulo Pisco, «é o desespero das pessoas que estão desempregadas que as leva a sujeitar-se a condições muitas vezes degradantes e a serem enganadas», recordando que há casos de exploração laboral também na Suíça, Alemanha e França.

Nicolas Schmit disse ainda estar preocupado com o aumento do desemprego entre os portugueses, que em 2012 já representaram cerca de 38% dos desempregados no Luxemburgo, um aumento de 3% em relação ao ano anterior, apesar de os emigrantes portugueses representarem menos de 20% da população total do grão-ducado.

O ministro socialista garante que a crise em Portugal está a levar cada ver mais portugueses a emigrarem para o Luxemburgo, conduzindo ao aumento do desemprego no país.

«Vemos chegar cada vez mais portugueses que esperam encontrar trabalho no Luxemburgo e não conseguem. Trocam uma situação de miséria por outra», lamentou Schmit, que criticou ainda as «políticas que estão a mergulhar a Europa na recessão».

Nicolas Schmit disse que «Portugal está a entrar no quarto ano de recessão, com uma taxa de desemprego que está a crescer de forma explosiva, e tudo o que vemos é quando o país poderá atingir os 3% de défice. Esquecemo-nos de que Portugal tem uma taxa de desemprego de 17% e uma taxa de desemprego entre os jovens de 40%».

«Esta situação não pode continuar por muito mais tempo. Quando toda uma geração de jovens não vê alternativas ¿ jovens muitas vezes com altas qualificações, porque Portugal fez um esforço enorme na educação dos jovens ¿, e o país não pode oferecer-lhe perspetivas de trabalho, é um verdadeiro drama», criticou.

Para o ministro luxemburguês «é preciso que a Europa mude de discurso, mude de perspetiva e modere a política de saneamento orçamental para pôr a tónica na retoma económica, no crescimento e na criação de emprego».

Nenhum comentário:

Postar um comentário