Após quase 11 meses de buscas infrutíferas, o Governo da Malásia classificou o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines no Oceano Índico como um acidente sem sobreviventes, abrindo as portas para que a empresa accione os seguros e as famílias das vítimas peçam indemnizações pela morte de quem seguia a bordo.
O Boeing 777 desapareceu dos céus em Março com
239 pessoas a bordo, quando viajavam de Kuala Lumpur para Pequim. Não
foram detectados indícios do avião até agora, apesar de uma vastíssima
operação internacional de buscas, que está a ser coordenada pela
Austrália, no Sul do oceano Índico, numa zona muito pouco explorada e com profundidades que vão de 237 metros até um abismo de 7883.
Encontrar
o avião, no entanto, “continua a ser uma prioridade”, garantiu
Azharuddin Abdul Rahman, o responsável máximo da Aviação Civil malaia,
numa mensagem gravada transmitida pela televisão. Explicou ainda que o
capítulo 1 do Anexo 14 da Convenção Internacional da Aviação Civil,
conhecida como Convenção de Chicago, “inclui na definição do termo
‘acidente’ o ‘desaparecimento do avião’”, cita-o a Associated Press.“Também diz que um avião é considerado desaparecido até que as buscas sejam dadas como terminadas e até que os destroços sejam localizados”, acrescentou Azharuddin.
O voo MH370 mudou de direcção de forma clara e continuou a voar durante cerca de sete horas, até se acabar o combustível, pelo que é muito provável que tenha havido um acto intencional de desviar o voo, não se sabe com que intenção, nem por que motivo.
“Neste momento, não há provas que substanciem quaisquer especulações sobre a causa do acidente”, afirmou Azharuddin, acrescentando o que um novo relatório sobre a segurança do Boeing 777 será divulgado em breve, embora os resultados sejam limitados, devido à falta de provas físicas.
Mas o facto de continuar desaparecido permite encaixá-lo nesta definição de acidente e accionar os seguros, dando, de alguma forma, uma conclusão ao caso, tanto para a empresa, que sofreu um rude golpe económico, como para os familiares das vítimas.
No entanto, os familiares, que têm criticado fortemente a gestão das buscas, reagiram também negativamente a este anúncio. A notícia devia ter sido dada numa conferência de imprensa, convocada com pouca antecedência, mas foi cancelada quando muitas pessoas se concentraram no local onde se devia realizar, com cartazes exigindo o regresso dos que iam a bordo do avião.
Estavam furiosos por não terem sido contactados primeiro pelas autoridades. “O mais frustrando é que estavam a planear anunciar isto ao mundo primeiro, e só depois aos familiares”, disse Wesley Walter, cujo cunhado estava a bordo do voo MH370. “Porque é que tratam assim os familiares?”
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