segunda-feira, 8 de abril de 2013

Papa latino-americano pode mudar gestão do Vaticano

 

Após o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio ter sido escolhido pelo conclave como o novo papa, Francisco, nesta quarta-feira (13) especialistas acreditam que o pontífice deve ter uma administração conservadora à frente da Igreja Católica. Segundo eles, seu perfil é de tino administrativo mesclado com uma hábil capacidade de comunicação, além da austeridade jesuíta.
Bergoglio torna-se o primeiro latino-americano a ocupar o cargo máximo na hierarquia da Igreja, o que para teólogos pode trazer ares de renovação no sistema de administração do Vaticano, que passa por duras críticas após os recentes escândalos de lavagem de dinheiro e crimes sexuais.
A escolha do papa Francisco pode dar novos contornos à atual gestão do Vaticano
Atualmente, ocupam cargos de alta patente dentro da estrutura do estado muitos italianos, que atuam na área administrativa. De acordo com o próprio site do Vaticano, o Estado é governado como uma monarquia absoluta, ou seja, o chefe de estado, o papa, possui poderes executivo, legislativo e judicial. Durante o período de sucessão de um papa para outro, estes poderes são exercidos pelo Colégio de Cardeais. Sendo assim, o papa Francisco tem livre influência para nomear para os altos cargos do Vaticano, possibilitando uma renovação do quadro administrativo e político.
O secretário geral Governatoratre da Cidade do Vaticano, Giuseppe Sciacca, foi nomeado para o cargo em setembro de 2011, enquanto o atual presidente da Governatoratre da Cidade do Vaticano, Giuseppe Bertello, assumiu a posição em outubro do mesmo ano. Já o Presidente-emérito, cardeal Giovanni Lajolo, foi Presidente do Governatorato da Cidade do Vaticano de 2006 a 2011, e desde então ocupa o atual cargo.
Dos sete integrantes da Pontifícia Comissão para o Estado do Vaticano, por exemplo, cinco são italianos, um é francês, e outro argentino. Chama atenção o fato de um italiano, o Cardeal Giovanni Battista, ocupar o cargo de Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, e não alguém nascido na região.
Apesar disso, especialistas e vaticanistas afirmam que há uma gradual internacionalização dos postos de trabalho no Vaticano desde os tempos do papa João Paulo II e a escolha do papa Francisco pode dar novos contornos à atual gestão.
Posições firmes
Segundo Maria Clara Bingemer, teóloga e professora do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio e articulista do Jornal do Brasil, o papa Francisco, que atuou por muitos anos à frente da  arquidioceses de Buenos Aires, na Argentina, é um homem firme em suas decisões e posições. A especialista acredita que é preciso aguardar para saber como será feita a nomeação dos assessores imediatos, e assegura que o conclave é soberano em suas decisões:
"Os nomes falados pela mídia não deram conta do resultado. Acho que a mídia não consegue penetrar esse segredo que a Igreja guarda. Tanto o cardeal Odilo e Scola, que estavam entre os mais cotados, não foram escolhidos. Acho que tudo se decide mesmo entre os cardeais", afirmou. Dos 115 que participaram do conclave, 25 são italianos, segundo o site do Vaticano.
Edson Sampel, doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano, e professor da PUC-SP, faz coro à teóloga e afirma que "não há lugar" para tal disputa política no conclave. "O voto é secreto. Sua natureza (do conclave) é diferente, não é puramente política. Os cardeais estão em clima de oração. Isso faz com que a situação toda tenha uma característica diferente", destacou.
Bingermer e Sampel ainda acrescentam que a escolha de um jesuíta representa uma característica de manter fidelidade à Igreja. "Não haverá mudanças descabeladas. A identidade da Igreja será protegida com Francisco. Imagino que ele tenha uma linha teológica moderada, que deve dar continuidade à que seguia Bento XVI. Ele não dará passos imprudentes nem despreparados", projetou a professora da PUC-RJ.
Ambos concordam que existem princípios da fé católica que não podem ser mudados, por se correr o risco de distorcer todo o pensamento. Sambel acredita que o movimento que denomina de "protestantização da Igreja Católica", que, em suas palavras, seria uma menor ênfase a temas tipicamente inerentes à doutrina católica e à relativização de seu conteúdo, será combatido pelo novo papa.
"A Igreja não pode mudar essas questões polêmicas, porque toda a interpretação que ela faz do livro vem de Jesus. Um papa que aceitasse (tais mudanças), seria herege e deixaria de ser papa. Agora, o que um papa deve fazer é sempre recrudescer o diálogo, encontrar novas formas de comunicação do evangelho", avaliou Sambel.
O Padre Sérgio Cavalcante Muniz, doutor em Antropologia Teológica e professor da faculdade de Teologia do Mosteiro de São Bento, ressaltou a firmeza do novo papa nos atritos que teve com o governo argentino em questões relacionadas ao matrimônio homossexual.
Segundo ele, a internacionalização dos cargos no Vaticano não tem privilegiado apenas italianos, embora seja natural, pela localização e relação histórica do país com a Igreja, que haja mais italianos dentro do quadro.
Padre Sérgio também avalia que o fato de ser eleito um papa latino-americano demonstra um reconhecimento do continente pela Igreja, tanto pelo número de fiéis quanto à sua vitalidade. "A igreja na América Latina tem um papel importante, é vista com seriedade e prestígio. Essa escolha demonstra a esperança depositada", avaliou.
Após o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio ter sido escolhido pelo conclave como o novo papa, Francisco, nesta quarta-feira (13) especialistas acreditam que o pontífice deve ter uma administração conservadora à frente da Igreja Católica. Segundo eles, seu perfil é de tino administrativo mesclado com uma hábil capacidade de comunicação, além da austeridade jesuíta.
Bergoglio torna-se o primeiro latino-americano a ocupar o cargo máximo na hierarquia da Igreja, o que para teólogos pode trazer ares de renovação no sistema de administração do Vaticano, que passa por duras críticas após os recentes escândalos de lavagem de dinheiro e crimes sexuais.
A escolha do papa Francisco pode dar novos contornos à atual gestão do Vaticano
Atualmente, ocupam cargos de alta patente dentro da estrutura do estado muitos italianos, que atuam na área administrativa. De acordo com o próprio site do Vaticano, o Estado é governado como uma monarquia absoluta, ou seja, o chefe de estado, o papa, possui poderes executivo, legislativo e judicial. Durante o período de sucessão de um papa para outro, estes poderes são exercidos pelo Colégio de Cardeais. Sendo assim, o papa Francisco tem livre influência para nomear para os altos cargos do Vaticano, possibilitando uma renovação do quadro administrativo e político.
O secretário geral Governatoratre da Cidade do Vaticano, Giuseppe Sciacca, foi nomeado para o cargo em setembro de 2011, enquanto o atual presidente da Governatoratre da Cidade do Vaticano, Giuseppe Bertello, assumiu a posição em outubro do mesmo ano. Já o Presidente-emérito, cardeal Giovanni Lajolo, foi Presidente do Governatorato da Cidade do Vaticano de 2006 a 2011, e desde então ocupa o atual cargo.
Dos sete integrantes da Pontifícia Comissão para o Estado do Vaticano, por exemplo, cinco são italianos, um é francês, e outro argentino. Chama atenção o fato de um italiano, o Cardeal Giovanni Battista, ocupar o cargo de Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, e não alguém nascido na região.
Apesar disso, especialistas e vaticanistas afirmam que há uma gradual internacionalização dos postos de trabalho no Vaticano desde os tempos do papa João Paulo II e a escolha do papa Francisco pode dar novos contornos à atual gestão.
Posições firmes
Segundo Maria Clara Bingemer, teóloga e professora do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio e articulista do Jornal do Brasil, o papa Francisco, que atuou por muitos anos à frente da  arquidioceses de Buenos Aires, na Argentina, é um homem firme em suas decisões e posições. A especialista acredita que é preciso aguardar para saber como será feita a nomeação dos assessores imediatos, e assegura que o conclave é soberano em suas decisões:
"Os nomes falados pela mídia não deram conta do resultado. Acho que a mídia não consegue penetrar esse segredo que a Igreja guarda. Tanto o cardeal Odilo e Scola, que estavam entre os mais cotados, não foram escolhidos. Acho que tudo se decide mesmo entre os cardeais", afirmou. Dos 115 que participaram do conclave, 25 são italianos, segundo o site do Vaticano.
Edson Sampel, doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano, e professor da PUC-SP, faz coro à teóloga e afirma que "não há lugar" para tal disputa política no conclave. "O voto é secreto. Sua natureza (do conclave) é diferente, não é puramente política. Os cardeais estão em clima de oração. Isso faz com que a situação toda tenha uma característica diferente", destacou.
Bingermer e Sampel ainda acrescentam que a escolha de um jesuíta representa uma característica de manter fidelidade à Igreja. "Não haverá mudanças descabeladas. A identidade da Igreja será protegida com Francisco. Imagino que ele tenha uma linha teológica moderada, que deve dar continuidade à que seguia Bento XVI. Ele não dará passos imprudentes nem despreparados", projetou a professora da PUC-RJ.
Ambos concordam que existem princípios da fé católica que não podem ser mudados, por se correr o risco de distorcer todo o pensamento. Sambel acredita que o movimento que denomina de "protestantização da Igreja Católica", que, em suas palavras, seria uma menor ênfase a temas tipicamente inerentes à doutrina católica e à relativização de seu conteúdo, será combatido pelo novo papa.
"A Igreja não pode mudar essas questões polêmicas, porque toda a interpretação que ela faz do livro vem de Jesus. Um papa que aceitasse (tais mudanças), seria herege e deixaria de ser papa. Agora, o que um papa deve fazer é sempre recrudescer o diálogo, encontrar novas formas de comunicação do evangelho", avaliou Sambel.
O Padre Sérgio Cavalcante Muniz, doutor em Antropologia Teológica e professor da faculdade de Teologia do Mosteiro de São Bento, ressaltou a firmeza do novo papa nos atritos que teve com o governo argentino em questões relacionadas ao matrimônio homossexual.
Segundo ele, a internacionalização dos cargos no Vaticano não tem privilegiado apenas italianos, embora seja natural, pela localização e relação histórica do país com a Igreja, que haja mais italianos dentro do quadro.
Padre Sérgio também avalia que o fato de ser eleito um papa latino-americano demonstra um reconhecimento do continente pela Igreja, tanto pelo número de fiéis quanto à sua vitalidade. "A igreja na América Latina tem um papel importante, é vista com seriedade e prestígio. Essa escolha demonstra a esperança depositada", avaliou.

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