domingo, 14 de dezembro de 2014

Petróleo de xisto na mira na Arábia Saudita

 

O petróleo de xisto produzido nos Estados Unidos, que alterou o equilíbrio do mercado mundial de petróleo e compete com os produtores tradicionais, estará na mira da Arábia Saudita, principal produtor da Opep, que celebra reunião de seus membros na próxima quinta-feira, em Viena.
Depois de três anos em que se manteve estável, por volta dos 100 dólares, desde meados de junho o preço do petróleo caiu até 80 dólares o barril em um mercado cada vez mais competitivo.
Segundo analistas, a Arábia Saudita vê com bons olhos esta queda porque prejudica seus concorrentes. O país defenderá, na reunião da Opep de quinta-feira, o teto de produção atual - fixado há três anos em 30 milhões de barris - diante dos países que querem reduzi-lo para empurrar os preços para cima.
Em sua chegada à capital austríaca, o ministro saudita do Petróleo, Ali al Naimi, não quis revelar, no entanto, a postura de seu país diante dos parceiros da Opep.
Mas para outros países, como Iraque ou Venezuela, a queda do preço do petróleo "não é aceitável", como disse em sua chegada a Viena o ministro iraquiano Abdel Mahdi.
"A Arábia Saudita tenta deixar fora de combate seus concorrentes do petróleo de xisto", afirmou o economista saudita Abdulwahab Abu Dahesh, avaliando que seu país pode resistir "durante dois ou três anos" à perda dos ganhos em consequência da queda dos preços.
Além da concorrência do petróleo de xisto e outras formas de produção, denominadas de "não convencionais", o preço do barril foi afetado pela queda na demanda em uma economia mundial em marcha lenta.
"Não acho que reduzirão o teto da produção porque perderiam sua cota de mercado", afirmou Fahad Alturki, economista-chefe e encarregado das pesquisas na Jadwa Investment, em Riad.
- Concorrência dos EUA -
Entre julho e agosto, as exportações de petróleo bruto saudita para os Estados Unidos caíram quase 30%, de 1,25 milhão de barris por dia (bpd) para menos de 900 bpd em agosto, segundo a Administração de Informação Energética dos Estados Unidos (EIA).
Como reação, a Arábia Saudita reduziu o preço de venda de seus barris aos Estados Unidos, fazendo cair os valores em cerca de 2% no início de novembro.
Segundo analistas, a manobra foi uma forma de a monarquia do Golfo Pérsico manter sua fatia de mercado na América do Norte, diante da produção americana de xisto.
Em outubro, os países da Opep produziram 30,6 milhões de bpd, acima do teto de 30 milhões, segundo a Agência Internacional de Energia. Deles, 9,6 milhões foram produzidos pela Opep.
"Penso que os únicos beneficiários de um corte [do teto de produção] seriam os produtores de petróleo de xisto, que agora estão perdendo dinheiro porque os preços são inferiores ao seu custo marginal", disse Alturki.
Desde 2006, inovações tecnológicas têm permitido explorar os recursos do petróleo de xisto nos Estados Unidos, com uma produção que aumentou mais de 40%, mas a um custo três a quatro vezes acima do da produção dos países do Oriente Médio.
Segundo o analista Fahad Alturki, se o preço do barril cair até os 70 dólares, "a sobrevivência dos produtores de petróleo de xisto seria posta em dúvida".
A cotação do barril do Brent do Mar do Norte, principal termômetro do mercado petroleiro, rondava nesta terça-feira os 79,60 dólares nas transações na Ásia.

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