sexta-feira, 1 de junho de 2012

BOA PARTE DOS BRITÂNICOS NÃO QUEREM CHARLES COMO REI

Às vésperas das grandes comemorações do Jubileu de Diamantes da rainha Elizabeth II, o príncipe Charles divulgou imagens de sua infância com a mãe e a irmã Anne, cenas raras de intimidade raras da tão discreta - e altamente popular - monarca. Mas, se Elizabeth é querida pela maioria de seus súditos, a realidade não parece ser a mesma para seu filho mais velho. Uma pesquisa encomendada pelo jornal britânico "Independent" mostra que menos da metade dos britânicos acredita que o príncipe de Gales deveria assumir o trono. Até mesmo entre os políticos, Charles é visto com ressalva. Nesta semana, ministros teriam expressado em conversas privadas a desconfiança em relação ao príncipe, revelou o "Independent". Eles temem que o primogênito da rainha revele ambições de interferir nos negócios do governo uma vez coroado rei. Charles ficou conhecido por mandar longas cartas a deputados sobre leis em relação à agricultura e ao meio ambiente. Em uma delas, expressou sua condenação à uma norma estabelecida pelo governo de Toni Blair que permitia o estudo de mudanças genéticas em alimentos. "Não posso ficar calado", escreveu o nobre na época.
- Ele ainda não se adaptou à Constituição moderna. Sempre quer dar sua opinião detalhada sobre assuntos que lhe interessam, e fica muito aborrecido se você chega dois minutos atrasado para uma reunião -contou o ministro, que preferiu não se identificar.
Um alto funcionário do governo descreveu as longas cartas de Charles com certo deboche, mas disse que é preciso ter muita cautela em como respondê-las:
- Quando chega uma correspondência do príncipe, é preciso lê-la logo e ter cuidado com a resposta. Mas as pessoas também riem e fazem piada com as cartas: "Você nunca vai adivinhar sobre o que Charles escreveu dessa vez", dizem.
Se entre os políticos Charles não é popular, quando o assunto são os súditos, o quadro também não é diferente. Pesquisa da ComRes feita para o "Independent" e divulgada nesta sexta-feira mostra uma população dividida quando o assunto é sucessão do trono: 42% concordam que Charles deve renunciar à Coroa em prol de William, enquanto 44% discordam e 14% dizem não ter opinião formada.
Desde o casamento, William e Kate Middleton assumiram um papel central no Palácio de Buckingham e alavancaram a popularidade da monarquia entre os jovens. A festa de boda dos dois foi vista por 27 milhões de pessoas só no Reino Unido. Talvez a popularidade do novo casal real explique o apelo do filho mais velho de Lady Di entre os jovens. Segundo a pesquisa, 53% acreditam que ele deve assumir o trono depois da morte de Elizabeth II.
Os trabalhistas são os mais contrários a Charles, 52% dos eleitores do partido acreditam que ele deve abandonar as pretensões de rei, enquanto só 35% dos conservadores dizem pensar o mesmo. O ex-diretor de comunicação de Downing Street, Alastair Campbell, escreveu em seus diários que Tony Blair costumava se irritar com a intromissão do candidato ao trono britânico.
Parece que pelo menos o quesito carisma, Charles não herdou da mãe. Apesar de raramente demonstrar traços de sua vida pessoal, a rainha Elizabeth II conquistou os britânicos. O documentário com a intimidade da jovem monarca com seus filhos pode ajudar ainda mais na imagem da nobre, vista por muitos como uma mãe distante e fria. As cenas, filmadas pelo próprio duque de Edimburgo, pai de Charles, mostra Elizabeth ensinando seu primogênito a andar e brincando com a família em uma praia.
Na homenagem, que será exibida nesta noite pela BBC britânica, Charles relembra a coroação de Elizabeth e destaca que o Jubileu é uma forma de todo país mostrar seu orgulho pela rainha.
- Lembro da minha mãe nos dando banho com a coroa, era muito divertido - conta o príncipe sobre os dias antes da coroação. - Ela sente muito orgulho de sua família, de ser sido uma jovem mãe no início de seu reinado.

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