sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Rei Birendra: jantar trágico do monarca nepalês

 

 

De acordo com a versão oficial, o príncipe Dipendra, herdeiro do trono nepalês, tinha exagerado nas bebidas durante o jantar e começou a portar-se de uma maneira indecente. Seu pai, rei Birendra mandou que saísse da sala... Os irmãos de Dipendra levaram-no para seu aposento. Uma hora depois o príncipe herdeiro voltou com uma arma de fogo nas mãos e abriu fogo contra seus parentes. Ele matou nove membros da sua família, incluindo o rei do Nepal Birendra e a rainha Aishwarya. Foi assim que um jantar familiar se transformou em “carnificina nepalesa real”. O próprio Dipendra fez uma tentativa de suicidar-se e pouco tempo depois faleceu por causa de ferimentos graves, produzidos por esta arma de fogo.
Depois da morte do rei Birendra um sacerdote nepalês idoso realizou a cerimônia religiosa de esconjuração dos espíritos da carnificina real. Durga Prasad Sapkota, 75 anos, executou neste caso o ritual hinduísta, isto é, levou o espírito do rei para uma região montanhosa remota e comprometeu-se voluntariamente a passar o resto da sua vida neste local. Os nepaleses crentes tinham certeza de que este ritual suavizaria os sofrimentos que o país iria enfrentar depois da carnificina no palácio real.
Nos cardápios dos restaurantes de cozinha nepalesa pode-se ver o “prato real” que, como se afirma, era o prato predileto do rei Birendra. Esta iguaria é feita de pato tandoori, camarão real e ervilha. Aliás, o mais provável que este seja um lance de promoção de vendas. Há quem diga que o monarca nepalês preferia o alimento vegetariano. Por exemplo, os legumes assados no espeto ou uma salada de rabanete, pepinos, tomates e cebola. Gostava muito também do queijo paneer, que goza da popularidade na Índia. Este queijo pode ser submetido à assadura sem se derreter. Afirma-se também que Birendra não revelava inclinação para com bebidas alcoólicas mas não deixava de tomá-las de vez em quando.
O rei cuidava de observar as tradições que os nepaleses seguem à mesa. Por exemplo, não se podia utilizar a mão esquerda para tomar uma comida ou bebida. Certa vez, durante a vista do rei Birendra à Dinamarca, durante uma recepção um garçom por pouco não entregou ao monarca uma taça de vinho com a mão esquerda. O rei poderia interpretar isso como um insulto. Um diplomata dinamarquês conseguiu intervir a tempo tomando a taça na mão direita antes de oferecê-la a Birendra.
Em 2008 a monarquia nepalesa, que contava a esta altura 240 anos, deixou de existir – o país foi proclamado uma república. E o palácio, que tinha virado durante o jantar o palco de carnificina real, passou a ser museu.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário