quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

CONFRONTO ENTRE DUAS MONARQUIAS ASIÁTICAS

Ao menos dois morrem em confronto entre Camboja e Tailândia
Um civil tailandês e um militar cambojano morreram nesta sexta-feira em confrontos entre militares do Camboja e da Tailândia na fronteira entre os dois países, perto de um templo disputado por ambos.


Cinco soldados tailandeses ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde tailandês. Quatro soldados cambojanos também ficaram feridos, um deles com gravidade, segundo o governo do Camboja.



Além disso, quatro soldados tailandeses foram capturados.



O enfrentamento, ocorrido nas proximidades dos restos do milenar templo de Preah Vihear, deixou ainda dez casas incendiadas no território tailandês. Os imóveis foram atingidos por disparos dados do outro lado da fronteira.



O porta-voz do Exército da Tailândia, coronel Sansern Keowkhamnerd, afirmou que um civil morreu e quatro soldados ficaram feridos no episódio que, segundo ele, começou quando tropas do Camboja abriram fogo de artilharia.



Já o ministro da Informação do Camboja, Khieu Kanharith, atribuiu o início do enfrentamento a uma incursão do Exército tailandês. Ele afirmou ao canal de TV Bayon que um soldado morreu e outros quatro ficaram feridos.



Segundo Khieu, as tropas cambojanas advertiram os tailandeses com disparos para o alto para que se retirasse, e eles responderam com tiros em sua direção.



O porta-voz militar tailandês confirmou que cinco soldados do país foram capturados durante o confronto, que durou cerca de duas horas.



O enfrentamento ocorreu poucas horas depois de os ministros de Relações Exteriores de Camboja e Tailândia terem se reunido na localidade cambojana de Siem Reap para tentar impedir um aumento da tensão devido à disputa fronteiriça.



"O principal objetivo é evitar qualquer ação, atividade ou manifestação pública que leve à desinformação", afirmou o chanceler tailandês, Kasit Piromya.



REFORÇO



Os dois países reforçaram nesta semana a segurança na região devido a um intercâmbio de críticas iniciado quando a Tailândia pediu a retirada de uma bandeira cambojana do templo de Keo Sikha Kirisvara, que, segundo Bancoc, se encontra na área disputada.



O chanceler cambojano, Hor Namong, disse nesta sexta-feira que a bandeira será mantida porque o templo está em território do Camboja.



Também ajudou a aumentar a tensão as condenações a 8 e 6 anos de prisão, respectivamente, por espionagem impostas a Veera Somkwamkid, coordenador da Frente Patriótica Tailandesa, e a sua secretária, Ratree Pipatanapaibul, após os dois terem entrado ilegalmente no Camboja em 29 de dezembro, em outra região cuja soberania é reclamada pelos dois países.



Os seguidores da Aliança do Povo para a Democracia, conhecidos como "camisas amarelas", ameaçaram intensificar os protestos se o governo tailandês não conseguir a liberação e a repatriação dos dois condenados até amanhã.



Camboja e Tailândia mantém-se em um conflito fronteiriço desde julho de 2008, quando a Unesco (braço cultura da ONU --Organização das Nações Unidas) reconheceu o templo khmer do século 11 como Patrimônio da Humanidade em Camboja.



A Tailândia admite que o templo se encontra em território cambojano, tal como sentenciou a Corte Internacional de Haia em 1962, mas reclama uma área de 6,4 quilômetros quadrados situada nos arredores.



Em 2000, os dois países firmaram um memorando de entendimento para criar uma comissão bilateral que se encarregaria de delimitar a fronteira.