domingo, 8 de janeiro de 2012

JAMAICA QUER SER UMA REPÚBLICA

A Jamaica lembra em agosto de 2012 o cinquentenário de sua independência do Reino Unido, e a primeira-ministra Portia Simpson Miller, empossada há apenas dois dias, quer comemorar de forma controversa: tirando a rainha Elizabeth II do posto de chefe de Estado da ilha caribenha.

- Eu amo a rainha, é uma linda senhora, mas acho que já é tempo - disse a primeira-ministra a 10 mil convidados na casa do governador-geral Patrick Allen, que representa Elizabeth II na Jamaica.

A iniciativa reflete um movimento republicano entre os países caribenhos da Commonwealth - Guiana e Trinidad e Tobago também optaram por 'destronar' a rainha -, mas conta com pouco apoio na Jamaica.

Os jamaicanos admitem que a rainha não é uma questão que chega a lhes tirar o sono e muitos sequer sabem que ela é de fato a chefe de Estado do país. Porém, a ideia de tirá-la do poder é apoiada por apenas 35%, segundo uma pesquisa feita em 2011 pelo jornal "Jamaica Gleaner", o principal da ilha.

Curiosamente, uma pesquisa de agosto passado do mesmo "Jamaica Gleaner" mostrou que, para 60% dos jamaicanos, o país estaria melhor se ainda fosse uma colônia britânica. Dos entrevistados, apenas 17% disseram que estariam pior sob domínio do Reino Unido.

Por trás da inicativa da premier, aparentemente simbólica, está uma questão mais complicada. A Jamaica tem um dos índices de assassinato mais altos do mundo, e as tentativas de implementar a pena de morte esbarram com frequência num comitê baseado em Londres que atua como a máxima corte do país. Simpson Miller quer, mais do que remover a rainha, retirar da Constituição essa peculiaridade judicial.

Na eleição de dezembro, o partido de Simpson Miller ganhou dois terços das cadeiras no Parlamento. Isso garante à premier apoio suficiente para levar adiante reformas constitucionais, mas ela depois terá que submetê-las a referendo popular.

Após saber da intenção da premier sobre a rainha, o Palácio de Buckingham disse que a questão concerne apenas ao povo e ao governo jamaicanos e preferiu não se posicionar. É esperada para 2012 uma visita à Jamaica do príncipe Harry, neto da rainha.

Portia Simpson Miller não é a primeira chefe de governo jamaicana a tentar tornar o país uma república. Seu antecessor, Orette Bruce Golding, e PJ Patterson, premier no início dos anos 1990, já haviam tornado público a ideia, mas não chegaram a tomar medidas concretas para colocá-la em prática.

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