sexta-feira, 1 de abril de 2011

bahrain nega intermediação do kuwait a sua crise

As autoridades do Bahrain negaram hoje que o Kuwait vá servir de mediador a negociações para resolver a actual crise política e social no país, onde o regime do rei Hamad bin Issa al-Khalifa (sunita) enfrenta há quase dois meses um movimento de contestação por parte da maioria populacional xiita.
“Quaisquer alusões a uma mediação do Kuwait no Bharain são totalmente falsas. Houve esforços anteriores [de conversações] aos quais não foi dada resposta e tal chegou ao fim com a lei de Segurança Nacional [a imposição da lei marcial, no início deste mês]”, avançou o ministro dos Negócios Estrangeiros, xeque Khaled bin Ahmed bin Mohammed al-Khalifa, numa mensagem feita hoje na sua conta no serviço de microbloging Twitter.

Esta declaração surge depois de, ontem, o principal partido xiita no país, o Wefaq, ter emitido um comunicado onde dizia aceitar uma oferta feita pelo emir do Kuwait, xeque Sabah al-Ahmad al-Sabah, para mediar negociações entre a elite governante do Bahrain e a oposição. O Wefaq – mais moderado do que outros grupos da oposição e cujos 18 deputados no Parlamento se demitiram após o início da repressão violenta dos primeiros protestos na capital, Manama – reclama reformas políticas e sociais de fundo, incluindo um fortalecimento de poderes do Parlamento e uma reforma do Governo assim como da lei eleitoral.

A possibilidade de conversações mediadas pelo Kuwait fora bem acolhida também pelo Conselho de Cooperação do Golfo (CCG, bloco regional que integra a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait, Qatar e Omã, além do Bahrain), que enviara tropas sauditas e polícias dos emirados para ajudar as autoridades do Bahrain a manter a ordem no país. “Esperamos que esta iniciativa funcione no interesse da segurança e estabilidade”, avaliara ontem o secretário-geral da organização, Abdulrahman al-Attiyah.

Ascendendo a mais de 60 por cento da população, os xiitas no Bahrain pedem, na sua maioria, a instituição de uma monarquia constitucional no país, mas alguns núcleos mais duros - como os partidos Haq e Wafa – têm exigido mesmo o derrube do regime de Hamad bin Issa al-Khalifa.

Pelo menos sete civis e quatro polícias morreram nos confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes, quando as autoridades lançaram uma operação em meados de Fevereiro para dispersar os manifestantes da Praça Pérola, na capital. Entretanto vários líderes da oposição foram detidos e a simbólica estátua na praça central de Manama foi demolida.

Esta é a mais grave vaga de contestação a que se assiste no Bharain desde a década de 1990, tendo a acção repressiva das autoridades sobre os protestos – inspirados pelos movimentos de revolução que depuseram os chefes de Estado na Tunísia e Egipto – valido ao regime duras críticas por parte do aliado Estados Unidos, assim como das Nações Unidas.