sexta-feira, 1 de abril de 2011

EMIRADOS NÃO ATACOU A LÌBIA COM MEDO DA REPERCUSSÃO DO BAHREIN

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) justificaram os bombardeios contra a Líbia, porém condicionaram sua participação na coalizão internacional a uma mudança de postura do Ocidente com relação ao Barein, revelou hoje o jornal Gulf News.

Um ex-comandante das Forças Aéreas deste país do Golfo Pérsico comentou que Abu Dhabi tinha comprometido a mobilização de 24 aviões do tipo Mirage e F-16 para ajudar a impor a zona de exclusão aérea sobre a nação norte-africana, segundo decidiu a ONU.

De fato, outras fontes asseguraram que as autoridades emiradenses, junto com as da Arábia Saudita, foram as que impulsionaram no seio da Liga Árabe a resolução que pediu ao Conselho de Segurança da ONU aprovação às restrições de voos no espaço aéreo líbio.

Na segunda-feira, os EAU recordaram seu papel "meramente humanitário" na Líbia para entregar ajuda, embora no dia 7 de março tenha liderado junto com os outros cinco membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) o chamado árabe à comunidade internacional para intervir na crise.

Até agora, o Catar é o único país árabe que enviou aviões de guerra para que se subordinem à coalizão ocidental que bombardeia a Líbia desde o fim de semana passado.

No entanto, ainda que estava analisando -e até teve preparativos- para mobilizar um significativo número de caças-bombardeiros, Abu Dhabi fez "uma reconsideração de prioridades", concretamente com respeito à monarquia de Manama, e modificou seus planos.

Assim assegurou ao Gulf News o major general Khalid Al Buainain (retirado em 2006), ao indicar que "o que está ocorrendo no Barein vai bem mais além do que possam entender nossos aliados ocidentais", em particular os Estados Unidos e a União Europeia (UE).

A monarquia da pequena ilha do Golfo, de confissão muçulmana sunita da mesma forma que os demais países árabes do CCG, reprimiu brutalmente na semana passada protestos pacíficos da maioria xiita bareinita com ajuda de mil militares sauditas e 500 policiais emiradenses.

Washington e a UE, agregou Buainain, "são incapazes de imaginar a extensão da intervenção iraniana no Barein. É um assunto de desacordo político, não de recursos, entre os estados do Golfo e Europa e Estados Unidos", apontou ao retomar acusações contra Teerã.

Não obstante, o pragmatismo da política emiradense ficou claro depois que o ex-militar afirmou que "poderiam estar reconsiderando sua posição, se mudar a postura do Ocidente sobre o Barein".

Buainain opinou que esses governos "interpretaram mal" os protestos xiitas em meio aos massivos chamados a mudanças democráticas que ocorrem em toda a região, ainda que só se limitaram a apelar para conter a violência e urgiram a repressores e reprimidos que vão ao diálogo.

Por sua vez, o periódico The National também citou o ex-comandante aéreo recordando velhas disputas entre árabes sunitas e persas xiitas para explicar porque os EAU consideram o Barein uma prioridade para sua segurança.